23 julho 2010

Desigualdade derruba IDH do Brasil


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Novo indicador criado pelo Pnud, da ONU, ajusta o índice de desenvolvimento humano à desigualdade de um país. Pesquisa abrange América Latina e o Caribe

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil cai 19% se a desigualdade do país for considerada no cálculo. É o que afirma o relatório regional sobre desenvolvimento humano para a América Latina e o Caribe publicado nesta sexta-feira (23) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O estudo introduz um novo indicador, o Índice de Desenvolvimento Humano ajustado à Desigualdade (IDH-D), que, ao invés de considerar as médias nacionais como no IDH clássico, leva em conta as diferenças de rendimentos, escolaridade e saúde da população.

A metodologia do IDH da desigualdade já havia sido usada no México e na Argentina, mas é a primeira vez que é aplicada para uma região inteira. O relatório se chama Atuar sobre o futuro: romper a transmissão intergeracional da desigualdade e abrange todos os países da América Latina e do Caribe. Segundo o estudo, a desigualdade na região é alta, persistente e ocorre em um contexto de baixa mobilidade social. Não que a conclusão seja uma novidade, mas o IDH-D serve para mostrar de forma sintética a situação. Levando em conta toda a região, o índice da América Latina e do Caribe cai 19,1%, valor semelhante ao do Brasil.

Os aspectos considerados foram os mesmos do IDH tradicional: renda, educação e saúde. O Pnud desenvolveu um IDH parecido com o original, levando em conta as médias de cada país, e depois o ajustou de acordo com a desigualdade, dando maior peso aos domicílios que estão na parte mais baixa da escala social. No Brasil, a desigualdade de renda é a que mais pesa sobre no ajuste (queda de 22,3%), seguida de educação (-19,8%) e saúde (-12,5%). O cálculo, feito com base em números de 2008. Na última vez que o Pnud divulgou o ranking do IDH, em outubro de 2009, o Brasil ocupava a 75ª posição com 0,813 (o IDH vai até 1). Uma queda de 19% tiraria o Brasil do grupo de países com desenvolvimento humano elevado.

Os países mais penalizados pelo novo cálculo foram a Nicarágua (em que o IDH-D é 47,3% menor que o IDH), Bolívia (-41,9%), Honduras (-38,4%) e Colômbia (-26,9%). Na outra ponta estão Uruguai (-3,9%), Argentina (-5,9%) e Chile (-6,5%).

O relatório do Pnud também mostra que no Brasil o índice de Gini - medição da desigualdade a partir da renda per capita - é de 0,56. Quanto maior o índice de Gini, maior a desigualdade no país. Apesar do Brasil ter aumentado sistematicamente o IDH nos últimos anos, ainda é o 10º no ranking de países mais desiguais. Na América Latina o Brasil só está melhor do que o Equador e o Haiti. O índice de Gini foi calculado com dados de 2006, então não considera avanços recentes da economia brasileira.

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