Governo lança plano de combate às hepatites virais
Tipos A, B, C e D da doença mataram mais de 20 mil pessoas na última década
Gabriel Mestieri, do R7, em Brasília
O Ministério da Saúde anunciou nesta quarta-feira (28) uma série de medidas para combater as hepatites virais no país. As hepatites virais dos tipos A, B, C e D mataram mais de 20 mil pessoas na última década.
De 1999 a 2009, a hepatite C foi a mais fatal entre os tipos da doença, levando à morte de 14.076 pessoas. Outras 5.079 morreram vítimas da hepatite B, 644 da A e 227, da D. Buscando evitar novas infecções, o plano aposta, sobretudo, na prevenção da transmissão da doença e na vacinação da população.
A hepatite é uma doença que se caracteriza pelo ataque às células do fígado, que causam inflamação no órgão. Ela pode ser causada por infecções por bactérias ou vírus, pelo abuso de álcool, sexo desprotegido, drogas e doenças autoimunes ou hereditárias.Nos casos da doença causados pelos tipos B, C e D do vírus, a infecção pode evoluir para cirrose e câncer de fígado.
Plano
Enquanto o combate às hepatites tipo A e E se concentra em oferecer maior oferta de saneamento básico à população, para os tipos B, C e D, a prevenção consiste em evitar a transmissão sanguínea e sexual do vírus.
No caso específico da hepatite B, o ministério quer, até 2011, aumentar a disponibilidade de preservativos em locais que atendem os portadores das hepatites virais, e aumentar a faixa etária que é vacinada contra a doença – de zero a 19 anos para de zero a 24 anos. Para isso, o número de vacinas compradas para o tipo B da doença em 2011 será 163% maior que em 2010.
Já em 2012, a expectativa é ampliar essa faixa para pessoas de até 29 anos. Já nos casos de transmissão vertical da doença, que se dá de mãe para filho, o ministério busca oferecer exames a todas as gestantes na rede básica do SUS (Sistema Único de Saúde).
O plano busca também aumentar o acesso da população a serviços qualificados para o diagnóstico e tratamento da doença. Para isso, o ministério quer, até 2011, ampliar a oferta de exames para diagnosticar a doença nos serviços de saúde, ter pelo menos um laboratório de referência para o controle e combate dos vírus em cada Estado brasileiro e desenvolver materiais educativos para os portadores das hepatites virais.
Em 2009, mais de 9,2 milhões de testes foram feitos para o diagnóstico das hepatites virais, a maioria deles – 7,2 milhões – para o tipo B. O número total de testes é quase três vezes maior que o que era realizado em 2004 – 3,59 milhões.
Desde 2005, quando iniciou um processo de centralização de compras de medicamentos para as hepatites, o governo federal já gastou quase R$ 800 milhões em remédios para a doença. O gasto médio para o tratamento de um paciente com hepatite C varia de R$ 1.562 a R$ 18.441, enquanto para a hepatite B está entre R$ 1.890 e R$ 5.859.
Casos na década
O número de casos registrados da doença na década, somando-se os quatro tipos, é de 283.244. O tipo A é o que contaminou o maior número de pessoas (124.687) no período, atingindo uma taxa de incidência 5,4 pessoas a cada 100 mil em 2009. Já o tipo B, que atingiu 96.044 pessoas na década, teve uma taxa de incidência de 7,6 a cada 100 mil habitantes em 2009.
De acordo com um estudo do Ministério da Saúde divulgado nesta quarta-feira (28), os dados indicam uma redução do número de casos da hepatite A – cuja transmissão está relacionada às condições de saneamento básico e higiene -, enquanto aumentam os casos das hepatites B, C e D – cuja transmissão se dá por contato sexual, transfusão de sangue ou compartilhamento de seringas e materiais para tatuagem.