Governo tem de inovar em educação e saúde, dizem especialistas
Para a criação de empregos melhores, dos que exigem criatividade e pagam mais, o país precisa investir em inovação em todos os setores
Os brasileiros deverão ter mais empregos nos próximos anos, impulsionados pelo crescimento econômico e ganho de poder de compra da população – mas isso não bastará para que tenham empregos melhores, do tipo que exige criatividade e paga melhor. Para que o país tenha mais e melhores postos de trabalho, precisará inovar, mais e melhor do que tem feito até agora. “O investimento em inovação tem de dar retorno. Precisamos investir nos cientistas que sejam também empreendedores”, afirmou nesta terça-feira (27/7) Robert Binder, gestor nacional do Criatec, fundo de estímulo a microempresas de base tecnológica. A declaração foi feita no 8º Congresso Internacional Brasil Competitivo, em São Paulo.
Os governos não precisam ter receio de dar esse tipo de destinação ao dinheiro público, segundo a avaliação de outro especialista, Ary Plonsky, presidente da Anprotec, associação de incubadoras e outras entidades que promovem empreendimentos tecnológicos. Pelas contas de Plonsky, as microempresas desse tipo que receberam dinheiro do governo nos últimos 20 anos geram hoje 35 mil empregos altamente qualificados, têm receita conjunta de R$ 4 bilhões e pagam por ano cerca de R$ 450 milhões em impostos.
Para que o dinheiro seja usado de forma mais eficiente de agora em diante, porém, Plonsky sugere outra abordagem do tema por parte dos governos. “Inovação não é um departamento, um assunto fechado em si – é uma estratégia, um jeito de pensar, que tem de ser aplicado no governo de forma transversal, em todas as grandes questões: educação, saúde, habitação, infraestrutura”, disse o especialista. O resultado seria ganho de eficiência por parte do governo, aumento da competitividade do país e estímulo aos profissionais e empresas que fornecem produtos e serviços inovadores.
Diante da eleição, os especialistas são cuidadosos, sem grandes demonstrações de empolgação ou temor com os candidatos. “Se for eleito José Serra, se for eleita Dilma Rousseff, não haverá grandes mudanças. A agenda da inovação brasileira está colocada”, afirmou Binder, do Criatec. “Não vejo grande ameaça nesse sentido”, concluiu o especialista – acrescentando, em seguida, o nome de Marina Silva ao dos candidatos que não devem trazer grande mudança nas políticas de inovação.
MARCOS CORONATO E THIAGO CID