Pesquisa mapeia atendimento a doentes do coração em hospitais brasileiros
A SBC (Sociedade Brasileira de Cardiologia) e o Hcor (Hospital do Coração) assinaram um acordo para fazer um mapeamento das doenças cardíacas no país. O objetivo é traçar o perfil do brasileiro que tem ou pode vir a ter uma doença cardíaca e avaliar como é feito o atendimento dessas pessoas nos ambulatórios e hospitais do país.
O resultado do mapeamento, que será dividido em dois estudos (um para mapear as síndromes coronarianas agudas e outro para avaliar a prevenção das doenças cardíacas) será divulgado no Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia, no segundo semestre de 2011. O presidente da SBC, Jorge Ilha Guimarães, diz que "os registros serão a fotografia do real".
– Vamos saber o que realmente ocorre na ponta dos atendimentos do país, porque sabemos o que deveria ser feito, mas temos a certeza de que o atendimento é muito diferente do que preconizaríamos como ideal.
Segundo ele, cerca de 315 mil pessoas morreram no Brasil, no ano passado, de doenças do coração. Em 75 mil desses casos, a causa da morte foi infarto.
– Esse número é crescente. Não estamos ganhando a guerra, estamos perdendo. Ano a ano morre mais gente de doença cardiovascular no Brasil.
Um dos objetivos da pesquisa, de acordo com o presidente da SBC, é entender por que há tanta diferença entre os índices de morte por infarto num hospital considerado de ponta (que gira em torno de 6%) e o restante do país (16%), por exemplo. Esses dados também poderão ajudar o governo brasileiro a elaborar políticas públicas de saúde e de tratamento adequado para essas doenças e a criar campanhas educativas de prevenção.
O coordenador do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital do Coração, Otávio Berwanger, conta que "o Brasil tem que prover dados da mais alta qualidade".
– E hoje temos um problema de saúde pública gigante no país, que é o infarto do miocárdio, e a única forma de mudarmos esse cenário é justamente atuando no melhor atendimento do paciente que chega na emergência como também do paciente que é atendido e faz sua prevenção.
De acordo com Berwanger, a evolução do infarto é causada principalmente pela falência do coração, também chamada de insuficiência cardíaca. No Brasil, a principal causa de internação por doença é justamente a insuficiência cardíaca.
– Atuando no infarto precocemente e fazendo a prevenção no ambulatório, a gente evita que se tenha mais casos de insuficiência cardíaca.